Imagino o quanto seja difícil deixar-mos aqueles que mais ama-mos para tentar uma vida melhor. Tentar uma vida em que sejamos valorizados mais no nosso trabalho, mesmo que as condições por vezes não sejam as melhores. Imagino o quanto seja difícil pôr uma mala às costas e sair porta fora repetindo mentalmente "isto é o melhor para mim", mesmo dizendo-o com o coração despedaçado.
O quanto é difícil deixarmos a nossa zona de conforto, as nossas raízes, as pessoas da nossa vida e todos aqueles que de uma maneira ou de outra nos fizeram as pessoas que somos hoje. Imagino o quanto é dificil largar tudo, mas mesmo de coração cheio, irem! Imagino a aventura que é de estar num local novo, conhecerem coisas e pessoas novas, mas sentirem-se sozinhos e atormentados pelas lembranças e a saudade que só teme em aumentar a cada hora, dia que passa. O tempo parece que demora a passar para podermos voltar a estar com os "nossos" não é? E parece voar assim que acontece.
Mas eu sei. Eu sei o quanto é difícil ver partir os que mais ama-mos, aqueles que nos marcam, aqueles que muitas vezes nos levantaram do chão, aqueles que sorriam e choravam comigo. Eu sei o que é ver os dias passar até chegar o momento de os voltar a ver, abraçar! Eu sei o que é sentir a sufocar, atormentada por lágrimas e lembranças de algo que virou de rotina a tempos a tempos, talvez anos. Eu sei o que é habituarmos-nos a pessoas e de um momento para o outro a vida pregar-nos estas partidas e ficar só as lembranças. Eu sei.
E por isso, digo:
Aos meus amigos emigrantes, família e todos os outros que tiveram de abandonar o seu país eu aplaudo de pé! Pois tiveram a coragem de por uma mala às costas em busca de uma vida melhor apesar das circunstâncias. Porque para lutar temos de ser guerreiros e acima de tudo nunca perder a esperança mas sim sermos e sentirmos-nos cada vez mais fortes.