segunda-feira, 17 de novembro de 2014

anything

Não estou triste. Dei-te o meu amor e o meu coração com a condição de cuidares dele. E poses-te-o numa caixa que de vez em quando te lembras de o visitar. Iniciamos uma nova etapa em que tudo o que secou está a cair para renascer de novo, forte e com as cores da primavera. Com as lembranças que todos os dias temo em que me possa esquecer com o tempo. Já não me lembro de muitas, as lembranças estão a afogar-se no tempo, nos dias e nos minutos que passam. Guardei tudo o que pude numa caixa. Só o teu coração o tenho no bolso para andar sempre comigo, e ás vezes quando o agarro encontro um sorriso lá perdido. Mas há alguma coisa dentro de mim que me magoa. Nós não tivemos "o nosso final feliz" mas talvez tenhamos um recomeço melhor de nós, ou não. Nunca é tarde para recomeços, pior que errar é não aprender com isso e não querer mudar. Eu e o meu coração estúpido que só ama aquilo que não tenho ou que não posso ter ou que nunca terei. Hoje já não tento fugir, sou escrava nesta prisão de sentimentos, sou escrava do meu coração mas não da minha cabeça. Devia ter-me afastado assim que trocámos aqueles olhares. Preferia acreditar que amava um outro alguém, embora não fosse isso que senti-se, mas dizer para mim mesma isso fazia-me sentir forte, o meu coração já estava magoado e fraco para voltar a amar. Acordava e punha a minha roupa de vestir e ia viver o meu dia, fosse bom ou não, ia vivê-lo. Os meus dias eram apenas dias iguais aos outros, a tentar sobreviver ao mundo. Mentir-me a mim própria tornava tudo mais fácil. Até ao dia em que me lembrei de visitar o meu coração novamente, e aí a minha cabeça mentalmente disse "foda-se". Já era tarde para continuar a dizer que amava um outro alguém para poder fugir dos sentimentos malucos. Tentei fechá-lo a cadeado assim que o abri, mas ele fugiu-me. Nunca mais o agarrei. Foi a maneira que encontrou para me dizer "não podes fugir dos problemas, enfrenta-os". Senti-me aliviada mas ao mesmo tempo aterrorizada. Estava a gostar tanto do que eu estava a sentir, que todos os dias pensava "qual o preço que vou pagar por estar a amar tanto assim?" eu sabia que esse dia chegaria. Mas mesmo assim o meu coração tomava o meu corpo, assim que te via os meus olhos focavam tipo lince, as minhas pernas andavam na tua direcção quando eu deveria virar para qualquer outro lado, os meus ouvidos precisavam de ouvir o som da tua voz, a tua voz era a minha estação de rádio preferida. Os meus dedos entrelaçavam-se nos teus caracóis, na tua pele, era o meu toque preferido. Beijava-te só com o olhar. Devíamos ter continuado assim, a amar-nos um ao outro só com o olhar poupávamos uma dor mas só iria aumentar a vontade de estar um com o outro. O fruto proibido é sempre o mais apetecido. Deveria ter ido embora, comprar uma passagem para qualquer lugar como a mim mesma me prometi que nunca mais iria ficar se volta-se a sentir algo que eu soubesse que fosse originar amor. Mas "o que se promete sob o efeito do vinho, esquece-se pelo caminho". E o desejo de ficar foi maior do que qualquer outra coisa. E agora fujo, outra vez. Tenho medo de ouvir-te, de ver-te, tenho medo de olhar para ti e voltar a amar-te e beijar-te com os olhos. Tenho medo de te querer ainda mais, de te amar ainda mais. Até quando aguentarei fugir? Até quando irá durar este amor e este desejo de estar contigo? Até quando dura amar-mos algo que não temos? Até quando irá durar ... não sei! 

Sem comentários:

Enviar um comentário